Ordens da Ajuda
A Constelação Familiar Sistêmica, desenvolvida por Bert Hellinger, é uma abordagem terapêutica a partir da qual foi desenvolvida três leis básicas e naturais que sustentam o sistema familiar e que constituem as ordens do amor. São elas:
1) Direito de pertencimento - todos que fazem parte da família tem o direito de pertencer ao sistema;
2) Hierarquia - o respeito e honra aos que vieram antes de você;
3) Equilíbrio entre dar e receber - dou o que tenho e recebo o que necessito.
Dentro do equilíbrio entre o dar e o receber, são desmembradas mais cinco leis, as chamadas ordens da ajuda. Quando se fala em ajuda normalmente nos vem um impulso imediato em querer fazer algo por alguém, entretanto, segundo Bert Hellinger, existem cinco leis que precisam ser respeitadas.
A Primeira Ordem da Ajuda
A primeira ordem da ajuda é esta: dar o que se tem e tomar o que necessita. Quando isto não acontece, gera uma desordem no sistema. Esta desordem pode acontecer da seguinte maneira:
1- Quando uma pessoa quer dar o que não tem e a outra quer tomar algo de que não precisa;
2- Quando uma pessoa exige da outra algo que ela não pode dar, por que ela mesma não tem;
3- E ainda quando uma pessoa não pode dar algo que tiraria da outra o que ela pode ou deve carregar e fazer.
Existem portanto, limites no dar e tomar. Você consegue reconhecer os seus?
A Segunda Ordem da Ajuda
A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e crescimento, por outro. A sobrevivência, a evolução e o crescimento dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Portanto, a segunda ordem da ajuda é nos submetermos às circunstâncias e somente interferir e apoiar à medida que elas o permitirem. Essa ajuda é discreta e tem força.
Ao não respeitarmos essa ordem da ajuda, geramos as seguintes desordens:
- Negar ou encobrir as circunstâncias, ao invés de olhá-las com aquele que procura ajuda;
- O querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o ajudante quanto aquele que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou, até mesmo, imposta.
A Terceira Ordem da Ajuda
A terceira ordem: que o ajudante, podemos pensar neste caso da ajuda profissional, quando a todo o tempo o terapeuta como ajudante no processo de crescimento do cliente, deve-se colocar como um adulto perante um outro adulto que procura ajuda.
Com isso, ele recusaria as tentativas do cliente de forçá-lo a fazer o papel de seus pais, por que na maioria das vezes o cliente aparece com questões da criança ferida, entretanto o mesmo “É” e continua sendo um adulto olhando para uma parte de sua história que precisa ser integrada em sua personalidade. Este cuidado evita as transferências e contratransferências tão comuns no trabalho terapêutico.
A desordem da ajuda aqui é permitir que um adulto faça reivindicações ao ajudante como uma criança aos seus pais, e que o ajudante trate o cliente como uma criança, para poupá-lo de algo que ele mesmo precisa e deve carregar — a responsabilidade e as consequências de suas escolhas de forma consciente.
A Quarta Ordem da Ajuda
Essa ordem diz respeito a ajuda profissional. Significa que a empatia do ajudante deve ser menos pessoal, mas sobretudo sistêmica. O indivíduo é parte de uma família. Somente quando o ajudante o percebe como uma parte de sua família é que ele percebe de quem o cliente precisa e a quem ele talvez deva algo. Ao vê-lo junto com seus pais e ancestrais e talvez, também, com o seu parceiro e seus filhos, ele o percebe realmente.
A desordem da ajuda seria, aqui, se outras pessoas essenciais que, por assim dizer, têm nas mãos a chave para a solução, não fossem olhadas e honradas. É importante aqui incluir outros membros que se relacionam com o cliente, sendo os mais importantes, os pais.
A elas pertencem sobretudo as pessoas que foram excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas.
Aquele que procura uma solução, de maneira adulta, sente o procedimento sistêmico como uma libertação e uma fonte de força.
O ajudante não se envolve num relacionamento pessoal com o cliente. Esta é a quarta ordem da ajuda.
A Quinta Ordem da Ajuda
A quinta ordem da ajuda é o amor a cada um como ele é, por mais que ele seja diferente de mim. Dessa forma, o ajudante abre-lhe seu coração, tornando-se parte dele. Aquilo que se reconciliou em seu coração, também pode se reconciliar no sistema do cliente.
A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral ligada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.
As constelações familiares unem o que antes estava separado. Neste sentido, está a serviço da reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a diferenciação entre os bons e maus membros da família, tal como fazem muitos ajudantes, sob a influência de sua própria consciência e sob a influência de uma opinião pública que está presa nesses limites dessa consciência.
Por isso, só alguém que dá imediatamente um lugar em sua alma à pessoa de quem o cliente se queixa pode ajudar a serviço da reconciliação. Dessa maneira, o ajudante antecipa, na sua própria alma, o que o cliente ainda precisa realizar.
Resumo Ordens da Ajuda
Dar apenas o que se tem, e pegar para si somente o que necessita;
Submeter-se as circunstâncias e somente intervir e apoiar à medida que elas permitirem;
Colocar-se como adulto diante de outro adulto;
Requer a empatia do ajudante focada mais no sistema como um todo;
Amor a cada ser humano do jeito que é.
As Ordens da Ajuda estão presentes em nossa vida cotidianamente, conscientes ou não, estamos nos relacionando a partir desta troca entre o dar e receber. Reconhecer seus limites e a forma como você se coloca nos diferentes contexto relacionais fará com que entenda qual o lugar de equilíbrio necessário para manter o fluxo da vida.
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